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CASA DA NEUSA

Casa de 13 m², insalubre e precária, foi reformada, ampliada e recebeu mobiliário multifuncional.

Antes da reforma, o lar não possuía janela e apresentava muitas condições insalubres, como baratas e acúmulo de materiais

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São Paulo, 2024 – Em setembro de 2023, o Instituto Fazendinhando se deparou com uma casa de 13 m² em uma situação bastante insalubre, na comunidade do Jardim Colombo, Zona Oeste de São Paulo. Trata-se do lar da moradora Neusa da Silva, que estava sem janela, com uma porta quebrada e repleta de ratos e baratas. Por viver de reciclagem para conseguir uma renda, ela usava o espaço para juntar vários materiais.

 

 “Esse cenário nos assustou tanto que percebemos a necessidade de uma intervenção imediata”, lembra Ester Carro, ativista social e arquiteta responsável pelo projeto. Para realizar as obras, dada a complexidade da moradia, o Instituto contou com a ajuda de uma equipe multidisciplinar. Participaram inclusive algumas Fazendeiras, mulheres que fizeram os cursos de capacitação do Instituto.

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Segundo o relatório Deficit Habitacional no Brasil – 2016-2019, da Fundação João Pinheiro (FJP), 54,9% das mulheres brasileiras responsáveis por domicílios vivem em habitações precárias. Uma das constatações da pesquisa é que o déficit habitacional é “feminino”, por ser o gênero mais presente na questão de responsável por moradias nessa condição.

 

“Mãe e avó, a Neusa sofre de depressão e não tem uma opção de trabalho formal. Então, a casa dela ficou, praticamente, abandonada”, conta Ester. “Ela não tinha um guarda-roupa e nem um banheiro confortável, por exemplo. Então, como você zelará por seu lar se ele não tem nem o básico?”

O processo iniciou com uma equipe, incluindo profissionais do posto de saúde do Jardim Colombo, agentes comunitários, que ajudaram a remover o lixo acumulado na casa e usaram um produto para eliminar os ratos e as baratas do ambiente. Em seguida, as Fazendeiras fizeram aplicação de produtos nas paredes para impermeabilizar o espaço. 

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Ampliação do banheiro e adição de esquadrias

Com um vaso sanitário solto, a equipe observou que a Neusa não conseguia usar o banheiro adequadamente. Assim, com o início da obra, essa área foi ampliada de 1,16 m² para 2 m², resultando, no final, em uma moradia de cerca de 14 m². 

 

Nesse processo, foram instaladas todas as peças sanitárias, além da aplicação de revestimento e forro, bem como a renovação da parte hidráulica e elétrica. “O banheiro ainda é pequeno, mas a sua expansão deixou a área mais confortável”, destaca Ester.

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A casa também recebeu a adição de novas esquadrias, com uma porta de alumínio mais resistente e uma janela – intervenção que possibilitou a entrada de ventilação e iluminação natural. A fachada, por sua vez, precisou ser refeita do zero, pois era muito torta. Após a modificação, essa parte externa recebeu cores fortes e alegres, muito características dos moradores das comunidades. 

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Mobiliário com diferentes funções

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“Como pensar em alternativas para ambientes pequenos?”: essa foi a questão que guiou a equipe do Fazendinhando durante o desenho do projeto. Segundo Ester, a resposta estava no mobiliário. “Pensamos em um que servisse tanto para ser funcional quanto para dividir o ambiente”, diz a arquiteta.  

 

A peça desenvolvida separa a cozinha do quarto, além de uma face poder ser usada para armazenar alimentos e utensílios e a outra para guardar vestimentas e roupa de cama.

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“Ainda pensando na otimização do ambiente, nós fizemos uma bancada com um espaço para a pia, o cooktop e um frigobar, já que não teria como colocar uma geladeira”, descreve Ester. “Na parte inferior, colocamos prateleiras para serem adicionados utensílios de cozinha.”

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Além dessas funcionalidades, um tanque foi acoplado na bancada, para a lavagem de roupas. “A casa da Neusa pode servir de exemplo de inovação e praticidade na arquitetura e no design, sem deixar de proporcionar ao ambiente beleza, conforto e dignidade”, comenta a arquiteta. 

Um ambiente aconchegante e saudável

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Durante a obra, a Neusa ficou na casa de sua irmã, Cleusa da Silva, mas sem deixar de imaginar como ficaria o seu lar. A ideia do Instituto também era fazer uma surpresa para a moradora do Jardim Colombo, com a inauguração da nova casa em 15 de janeiro.

 

“No processo, umas das coisas que ela ficava perguntando era se teria uma cama e um espelho. Para quem olha de fora, parecem coisas simples, mas ela não possuía um móvel para deitar e o espelho que tinha ficava solto”, lembra a ativista social.

 

Dona Neusa, como é conhecida pela vizinhança do bairro, se via deitada em sua nova cama, apreciando um teto limpo e bonito. Antes, essa estrutura estava descascando, com muita sujeira e insetos. 

 

“Eu olho para a parede e ela está linda. Gostei muito”, declara Neusa. A moradora acredita que será muito feliz na sua casa repaginada, especialmente por ter tudo o que queria. Durante a apresentação do ambiente, ela ficou encantada com vários elementos, como os quadros decorativos na parede do quarto e o espelho do banheiro. 

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O resultado do projeto foi alcançado por meio do esforço de pedreiros e das Fazendeiras, além do reaproveitamento de materiais doados pela CASACOR 2023 e pela Prospexit, como cerâmicas e porcelanatos. 

 

“Se eu pudesse definir em uma palavra todo esse processo na vida dela, seria ‘recomeço’. Acredito que essa entrega significa uma transformação que começa do interior da Neusa e, depois, para fora”, reflete Ester.

 

Ao ver todos os detalhes do seu lar, Neusa conta que não esperava viver esse momento. “Eu pensei que ia ser uma coisa mais simples, apenas para a casa ficar mais arejada. Mas foi diferente. Achei muito bonita, comparada até com outros lugares que já fui humilhada”, ela finaliza.

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